Resenha - O Lado Bom da Vida


 


O Lado Bom da Vida


Autor: Matthew Quick
Editora: Intrinseca
Classificação: Literatura estrangeira - Romance
Número de páginas: 256


“Você precisa saber que são suas ações que fazem de você uma boa pessoa, não sua vontade.”

O Lado Bom da Vida, escrito por Matthew Quick, é um livro narrado em primeira pessoa por Pat Peoples um homem de 35 anos que está internado numa instituição psiquiátrica em Baltimore e que sofre de transtorno bipolar (apesar de isso não ficar totalmente claro no livro).
Ele não tem noção do que o levou até aquele “lugar ruim”, nem quanto tempo está internado. Só sabe que deve se tornar uma pessoa melhor para que o “tempo separados” acabe e ele possa ter de volta sua amada esposa Nikky.


“Estou praticando ser gentil em vez de ter razão”

No início do livro, a mãe de Pat toma todas as providências necessárias para que ele saia do “lugar ruim” e volte para casa e para o convívio da família. Mas este retorno é repleto de lacunas, já que Pat não se lembra do que aconteceu com sua vida nos últimos anos, e ele começa a perceber que todos estão lhe escondendo alguma coisa.
Para tentar manter seu controle emocional, Pat se torna um aficionado em exercícios físicos, pois na sua concepção ele precisa estar em forma para quando Nikky voltar. Ele também começa a ler os livros de literatura (americana) que Nikky indica a seus alunos e isso mexe muito com Pat, pois ele não admite finais infelizes nas histórias.

“Não vou citar Hemingway tão cedo, nem quero ler outros de seus livros. E, se ele ainda fosse vivo, eu escreveria uma carta para ele agora mesmo e ameaçaria estrangulá-lo até a morte com minhas próprias mãos, só por ele ser tão deprimente.”

Pat está sempre em busca do Lado Bom da Vida. Ele encara sua vida como o roteiro de um filme que necessariamente deve ter um final feliz. E o único final feliz possível na vida de Pat é a volta de Nikky.
Com a volta para casa, ele volta a conviver com o irmão Jake que o ama e o apoia incondicionalmente. E também com o pai, que é um homem muito distante da família e só se mostra feliz quando os Eagles vencem. Com a mãe, que é seu porto seguro e sua maior defensora e com um amigo de infância Ronnie e sua esposa Verônica. Através deles conhece Tiffany, uma viúva que também é mentalmente desequilibrada, desbocada, atrevida e que fala o que lhe vem à cabeça. A princípio Pat não aceita muito bem a presença de Tiffany, mas ela força uma aproximação e os dois começam a correr juntos, mesmo contra a vontade dele. A chegada de Tiffany muda completamente o roteiro da vida de Pat.

“Tiffany está usando um vestido de noite preto, sapatos de salto, um colar de diamantes, e sua maquiagem e seu cabelo parecem perfeitos demais para mim, como se ela estivesse tentando com muito afinco ficar atraente, como as velhas senhoras fazem às vezes.”

O livro tem uma narrativa leve, simples. Pat é um homem incrivelmente inocente e cheio de limitações. A sensação que nos dá durante a leitura, é que estamos dentro da cabeça dele, com aqueles pensamentos repetitivos característicos das pessoas com problemas de ordem psiquiátrica. A princípio podemos até achar que o livro tem uma linguagem infantilóide, mas não é o caso. É a visão de uma pessoa perturbada, cheia de conflitos, com uma ingenuidade muito grande e que procura sempre ver o lado bom de tudo. Ele precisa montar o quebra-cabeça de sua vida para poder se encontrar e descobrir verdadeiramente o Lado Bom da Vida.
Um ponto que não me agradou muito foi a abordagem excessiva do tema “futebol americano” que, para nós brasileiros, é de difícil entendimento. Pat, seu pai e seu irmão são torcedores fanáticos dos Eagles e suas idas aos jogos dão um toque divertido ao livro, mas um tanto cansativo.
O novo terapeuta de Pat, Dr. Cliff Patel é sensacional e o amigo negro que ele fez no “lugar ruim” (Danny) também merece ser citado. A relação de Pat com Kenny G também é bem interessante.

“Eu odeio o Sr. Kenny G”

Um bom livro, de leitura fácil, rápida e agradável. Situações absurdas, engraçadas, emocionantes, repletas de sentimentos contraditórios, com um personagem cativante e adorável.

Michelle

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